E é isso: Não faço literatura, não faço arte, não faço nada. Não sei articular nem dar forma para as coisas, e há muito que tento com um desejo sincero transformar essa ânsia em algo palpável, que tento dividir para ver se há algo, ou alguém que de alguma forma se identifique com esse monte palavras e me diga que é natural. Mas o que consigo colocar para fora é vômito, é resultado dessa náusea, dessa vontade de ser alguma coisa que não apenas eu - essa ideia me é insuportável, pois, dar-se conta de si no mundo é dar-se conta do que te pertence e do que não está ao seu alcance, das limitações e das insuficiências, e naquele afã de querer se exceder carregamos bagagens que não são nossas, e a ilusória sensação de que não cabemos nos espaços, quando na verdade sobramos. Inventamos o tempo inteiro qualquer coisa, só para preencher o tempo, quando, o que somos, é tão mais sutil e mais discreto.
Não sou nada, e parei de ter a pretensão de querer ser algo além do que posso ser. Se escrevo, se desenho, se danço, é porque necessito - nada disso me levará para lugar nenhum. É esse regurgito que vem do fundo do estômago, essa dor tão presente que se faz corpórea, ganha peso e necessita sair.
Faço o que faço para me livrar da ânsia, desse mal estar constante de tentar me entender no mundo.
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