quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Procuro...

Não. Nada, nada! Além de você...
Hoje acordei suada e com o rosto coberto de lágrimas, causadas por um sonho ruim. Em vão, rolei meu corpo para o outro lado da cama, onde você não estava. Desesperada, transformei o vão entre a cama e a parede em um enorme abismo. Me agarrei forte no pedaço de madeira da cabeceira, sentindo o enorme espaço despreenchido. Não sei se era a cama, se era eu, se era o quarto, só sei que era tudo um imenso vazio, um grande nada no qual eu fazia parte. Afundava o rosto molhado no travesseiro, e um filete de esperança surgia ao ver que este produzia marcas molhadas no tecido - era um sinal de que ainda estava ali. Mas e você? Sem me soltar, procurei atônita teu cheiro no espaço, marcas no corpo, vazio.
Me diz, porque te escapas devagarinho de madrugada? O que fazes? Buscas um novo amor na calada da noite? Não consegues ver que sofro na ausência do toque seu? Que quando entrelaçados nossos corpos, não existe nada além dos limites da minha cama? E mesmo assim, você não está aqui. Sou apenas eu, mergulhada num imenso vazio, escuro, perturbada por um sonho ruim.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Sem título 6

Tá, vou deixar você entrar. Só tome cuidado para não se perder, são infinitos os caminhos, e na sua maioria são escuros. Mas te garanto, pode pisar sem medo. Terão infinidades de coisas para que teus outros sentidos sejam aguçados. Mas entre, devagarzinho, te garanto que haverá uma parte para seu aconchego, onde descansarás numa tranquilidade infinita -é a pequena parte que ainda não é escura- e lá estando, sei que serei tomada por um calor absurdo, que vai pulsar o sangue por todo meu corpo, e com um sorriso ligeiro vai me passar pela cabeça que ainda há vida, e que no exato momento que você decidiu entrar, ela se fez mais presente do que nunca.
Estou neste exato momento, rompendo o meu constante estado de tédio.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sem título 5

De repente do picadeiro, eu passei pro trapézio. E do alto eu me balanço, balanço, e há diversos espectadores. Alguns torcem pra cair, outros querem ver as piruetas e alguns não querem nada. O fatídico: Se eu solto, eu me esborracho? Caio de pé numa elegância felina? Talvez desafie a gravidade me projetando cada vez mais pro alto. Então eu fecho os olhos e me atiro, de peito. Não houve reação, na verdade é como se o tempo tivesse parado e eu me mantenho suspensa por algo maior, por quanto tempo? Não se sabe. Qual será o fim da nobre trapezista? Pouco me importa, estou interessada é no meio. Nada de ruim pode me acontecer agora.