terça-feira, 29 de junho de 2010

O Amor..

Ah o amor...Não mata!
Quase só..

terça-feira, 22 de junho de 2010

Onde estarão aqueles que deveriam estar atrás das portas?

Desajeitada, abriu a porta devagar. O contato da sua mão com a maçaneta fria a fez hesitar um pouco. Deveria? Afinal, estava assim, tão confusa. Com a porta semi aberta ficou parada, pensando. O pé sentindo o carpete. Tombava o corpo para a ponta dos pés, dedos, voltava e inclinava-se para o calcanhar, repetidas vezes. Entrou.
A sola do pé, encontrou o azulejo frio. Fechou a porta devagarinho, fingindo ter gente na sala, apenas para não se lemvrar o quanto se sentia só. Seu peito subia e descia, em tomadas de ar rápidas. Inspira-expira- Inspira-expira. Surgia uma pequena ânsia de origem ortodoxa, dessas cheias de pudores. Aos poucos, foi substituída por um arfar que continha uma certa ardência, quente. Seu nervosismo era tanto, que uma gota de suor, por breves instantes, torno-se o protagonista da cena - percorreu a nuca, desceu para o pescoço, contornou sua saboneteira saliente, o colo, e com uma surpreendente cautela, escorregou para dentro da blusa.
Coragem, pensava.
Fitou com atenção seu objeto de desejo, caminhou com certa sensualidade, os olhos fixos, e devagarinho passou a mão sobre sua superfície fria, segurando a borda com certa força, para controlar o êxtase que minuciosamente se espalhava pelo corpo.
Girou a torneira. A cada jorro de água quente, sua cabeça ia longe, fervilhava no meio de corpos, braços, peitos, corações e vísceras. Assustada, percebeu que de seus folículos capilares, algumas borboletas escapavam. A força que faziam para sair daqueles poros incomodava, sentia suas patinhas se empurrarem, mas quando soltas, ah! Faziam um pouso leve na parede, abrindo e fechando suas asinhas vagarosamente.
Ardia, seu corpo pedia, protestava, procurava um toque. Foi a mão que fez o primeiro gesto. Cautelosa, as pontas dos dedos contornavam seus lábios. Contornam os seios, deslizam até a borda da blusa e a tira. Carinhosamente, desliza a mão pelo ventre, procura a cintura, as costas. Desabotoa o sutiã. Seus mamilos desabrochavaram em flores. O peito arfava excitado. A calça escorregou feito seda por entre as pernas. Estava completamente nua, com um corpo repleto de si mesmo.
Era chegada a hora. Sem segurar-se, mergulhou um pé. Sentiu a água quente engolindo devagar a sua perna, e o resto do corpo arrepiando-se. Veio a outra perna, e enfim, submergiu o corpo, a água quente acariciando a pele, se espalhando sutilmente por todos os membros feito gato, contornando, preenchendo. Um calor desconhecido lhe subiu por todo seu sistema nervoso, espalhando-se por todo o corpo, explodindo.
Foram-se os pudores, datas e dores. Não via as borboletas que lhe escapavam.
Exausta, seu corpo acomodou-se na porcelana da banheira. Estava dormente, extasiada. Abriu os olhos, feliz, para as diversas borboletas que ruflavam as asinhas, assim, como se estivessem se espreguiçando. Com um susto, percebeu uma borboleta negra, discreta, observando-a.
Ignore, pensou. Não iria sair dali, não, não iria.
Silêncio. Água morna. Borboleta negra, o corpo já reagia melhor aos comandos de movimentos. Sentia a superfície fria, sob qual o seu corpo descansava. Ela ali, discreta no meio do colorido. Observava atenta. Silêncio. Uma pequena agonia nascia, buscava um barulho por detrás da porta, alguém. Olhava a porta, alguém entraria e tiraria as borboletas dali. Quem?
Se deslocou. As asas negras atravessando o ar. Pousou na beirada da banheira, perto do dedão. Seu corpo agora tremia, uma gota tímida escapava dos olhos, involuntariamente.Silêncio.
A água, havia esfriado.