domingo, 28 de março de 2010

Querer

Quando pequena
queria ser estrela
grudar no manto azul escuro, ser guia.
Um pouco mais velha, queria ser guerreira
acabar com a injustiça, salvar pessoas
prender vilões, ser exemplo.
Ainda mais velha, queria ser alguma coisa diferente
despadronizar, criar, ser ousada.
Autêntica.
E nada mais era que releitura.
Há poucos anos...minto...meses, queria ser comunista
Lutar contra a desigualdade, mudar o mundo
me livrar do obter para chegar ao ser, ser gente.

Agora, depois de tanto querer ser
e de ter meus ideais destroçados
Percebi que maior que minhas vontades, é a vida
E que esta, acima de tudo, só quer viver.

Outro sem título

Me deparei outro dia pensando, que bom, que dádiva seria não pensar.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Sem título 3

Preciso, quero mudar já!
Mas ai, acho que perdi a oportunidade.

Dom

Deus me deu o dom
e não poderia, ora, recusá-lo sendo este divino.
Só de lembrar, tudo aquilo me escapa, e mergulho
com calor, com ânsia, ao que me foi reservado
ao álcool na garganta, o cabelo cheirando cigarro
um bustiê de paetês iluminando a noite
o preenchimento, o toque de um corpo solitário no meu oco
não em mim, no meu oco.
Pois eu estou protegida, e nada me toca, estou fora
estou junto ao meu Pai, e em mim não chegam estas mãos solitárias
confio que há algo maior, depois
e enquanto isso, as marcas, o cheiro, o gosto quando volto a carcaça
me mostram, me orgulham, estou no caminho
Presa, ao dom que Deus me deu.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Sem título 2

Apresente-se por favor, quem está disposto a me achar, porque eu me perdi.
E juro, não faço nem ideia como eu faço pra voltar.

Ainda hei de morrer em cima do seu corpo

Ainda morro de amor em cima do seu corpo
Sentindo todos os meus sentidos se esvaírem
Vou me perdendo aos poucos
Até que tudo que exista em mim entre em caos
e exploda, estoure
Não quero me controlar, quero esquecer, arfar
Sentir o peito cheio, o pulmão lotado de ar, pronto
pronto para me fazer berrar
Eu já não sei mais onde eu começo e onde tu terminas
Já me perdi, já não sou minha
estou entregue a devaneios, estou suspensa no ar
da minha boca sugaste tudo, tudo que era meu, e me atirou no espaço
Quero que encoste a boca na minha
Arrebata com tamanha força o meu frágil corpo
de um modo que só exista a minha respiração forte, pedindo
implorando
Para morrer em cima do seu corpo.