segunda-feira, 10 de maio de 2010

Infantil

Fico tão sem jeito
me torno pequenina
e uma grosseria esconde
meu frio na barriga.

Quando me tocas
ai! Me desmancho em flor
e borboletas voam no estômago
Se abro a boca...escapam
razão do meu silêncio, ás vezes
tão repentino.

Me uso do descaso
e espalho meu afeto no papel
esparramado, talvez nunca te entregue
Desajeitada, me ponho a sonhar
e te desprezo.
Puro capricho.

sábado, 8 de maio de 2010

Matutei...

Outro dia estava me alongando, fazendo as mãos encostarem os pés. Ora, porque não podia simplesmente me esticar pra cima, e fazer as mãos encostarem no céu?

Encontro

O encontro já estava previsto há tempos, sabiam assim que se encontraram. Mantiveram a cordura por pura imposição da educação formal que receberam. Mas algo que fluía de dentro sabia, fervilhava de pura excitação, se encontraram. Finalmente se encontraram, no meio de tanta desavença, de tanta fragmentação, se encontraram. Tudo que conheciam até então era irrelevante diante daquela descoberta, e viram o mundo desmoronar em luz quando os corpos se encontraram. A pele gritava desesperada, a boca pedia para que se encontrasse, os membros, os orgãos queriam essa fusão em um único, e tudo em volta era nada. Só existiam eles dois e tudo que explodia de dentro deles. Seus sons, o gosto. O universo se resumiu nisso por momentos intensos, fortes.

Mas, no final, todo o concretismo vence. E do paralelo mundo, retornaram, sentiam as rotinas passando ao lado. Mas já não eram mais os mesmos, não podiam ser. Um beijo de despedida na porta, um olhar desejoso deixado para trás ao entrar no elevador, sabiam que ali, a partir de ali, algo nascia. Vida nova. Venceram a solidão, a monotonia.

domingo, 2 de maio de 2010

Relógio

A cada dia me encurta
já não tenho tempo
o fluído vital me escapa pelos dedos
escorre, vai embora na água corrente
se afugenta no boeiro e,
a cada dia me encurta
já não tenho tempo
A minha pele aos poucos se marca
meus olhos se enturvam
O cansaço me chega e me afaga como um velho amigo
me derrubo com uma leveza extraordinária
no piso frio, e dos meus dedos, raízes
me prendem
e agoniada lembro que
a cada dia me encurta
já não tenho tempo

Tempo? Não sei que tempo
mas esse grita, me intimida
e as minhas raízes fincadas, meus olhos turvos
meu cansaço
Me sugam e me permitem alienar de algo que me é inevitável
Que a cada dia me encurta
e já não tenho tempo...