segunda-feira, 20 de junho de 2011

É pensando em coisas impossíveis que me mantenho alegre, mas quando o divido, e percebo a sua finitude perante o mundo, desmorono.

domingo, 12 de junho de 2011

Tem quem diga que é terrível gostar demais. Sei lá. Acho bem pior gostar de menos.

Tudo

Agora era tudo. Não era o máximo estar sentada ali, na verdade era pesado, era cheio. Ao contrário do esvaziamento, eu passei a ser preenchida, com tanta, tanta força que eu achei que a qualquer momento eu ia desfazer, e escorrer pelo piso, e manchar chão, parede teto, porque ia explodir tudo pra todos os lados. E era todo um peso concentrado naquele estar sentado, e desesperador, porque estava prestes a estourar e todas as pessoas passando ao lado, e sentando, e fazendo qualquer coisa, e ninguém via ali um ser atônito, e existente, pois naquele momento eu existia mais do que nunca, e tudo e toda angústia se materializava de tal forma que senhor, era impossível ninguém se incomodar. Não era só estar sentado ali dessa vez, era existir com tamanha força, era estar presente com todas os orgãos com tal força que cada um seguia no seu ritmo, totalmente autônomos, e trabalhavam de forma exasperada. Os olhos a cada piscada era um alívio, tapa olho que deixava tudo escuro, e chamava aquele estado de coma, tão mais tão pedido naquele momento. Era o coração querendo explodir, um pulmão sufocado, e um estômago que gritava por vomitar, e ia vomitar todo o eu mesquinho que insistia tanto em se manifestar, e pedia tantas coisas, e tinha eu também, sentada, cheia naquela espera, eu sou só espera com orgãos reinvidicando, um eu prestes a ser vomitado, sentada atônita no meio da passagem, com uma presença mais forte do que nunca.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

nada

Era incrível. Dava vontade de ficar sentado o dia inteiro só olhando. E fazia muito sol, muito sol, e a cidade estava fria, muito fria. Mas estar sentado ali, era incrível. O sol varria o frio, mesmo aquele que insistia em surgir de dentro, ia derretendo de pouquinho. Dava vontade de ficar horas, meses, anos só ali, sentado, pois era incrível. Era um não estar estando tão completo. Porque eu estava aqui e lá, quente na cidade fria.
Era um não pensar delicioso, olhando aquilo, divino. Não amava, não pensava, não sentia, era um grande nada pronto a ser preenchido, por qualquer coisa. E ser qualquer coisa era fantástico. Você entende de tudo, tudinho um pouco de tudo que existe, pois tudo passou ali, num instante, carregando e descarregando tudo. E era só estar ali, sentado. Era algo parecido com não conter. Não tinha corpo. O coração explodiu, a língua pronta a desenvolver um vocabulário novo. Novos olhos é o mais incrível, olhar de novo, e de novo e ser tudo diferente a cada piscadela. O piscar sendo pausa para digerir novas imagens, e não uma fuga mínima de si. Não fugir é o máximo! Pois não existe eu, você, nada. Só aquele instante, de estar sentado, e ficar olhando o dia inteiro só. Incrível.