segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Falando sobre velhos hábitos

Falarei sobre um terrível hábito, e pouco me importa agora, caro leitor, se escrevo bem esse tipo de coisa, já que não sei se escrevo bem, na verdade, sobre qualquer coisa. É uma carta aberta, mais para mim do que para o mundo, mas tenho a mania incorrigível de crer novo o que todos já sabem, o que faz de mim uma pessoa de obviedades.

Quando aprendi a ler, como toda menina pequena, li muitos contos de fada e histórinhas de objetos fantásticos, histórias estas que faziam com que meu mundo não tivesse a tênue fronteira entre o real e o...o que? o não-real? O onírico? Bom, qualquer coisa desse tipo. Ai, um bendito dia ( não lembro se de sol ou chuva, de calor ou frio ), caiu em minhas mãos o tal livro "Romeu e Julieta". Diziam ser a história de amor mais bonita de todos os tempos. Li. E tive que ler de novo. Afinal, que porra de desfecho é aquele? QUE PORRA DE DESFECHO É AQUELE? É uma pergunta que ressoa no meu íntimo desde então. Foi no auge de meus 8...9 anos,e mais uma série de situações vividas depois, que aprendi que o amor sempre esteve associado à uma certa melancolia, o que na verdade, está, mas, como sempre, fui desmedida com tal sentimento. Desmedida a um ponto de ser mal-educada e invadir um espaço de dor desnecessário e desproporcional. Roubei a dor do mundo, e de forma vil e mesquinha, acreditei que esta era a essência das coisas, quando a essência da dor só faz sentido para ela mesma. Passei a cultivar o hábito de enxergar o mundo baixo a ótica míope dos tristes e dos românticos chatos e incuráveis: aqueles que suspiram "ai de mim" como quem está prestes a morrer o tempo todo: transformam qualquer refeição em algo catastrófico: choram pelo peixe do aquário, não pelo peixe, mas por si se fosse um peixe. Enfim, uma grande besteirinha que vira um besteirão. Para aqueles que cultivam a tristeza, um aviso: ela bate à porta como uma joaninha, mas quando adentra o espaço se torna um grande hipopótamo que não te deixa ver TV ou sentar no sofá. É preciso paciência para que saia, pois, ás vezes a porta fica menor, e a janela é muito alta, e ninguém quer matar um hipopótamo, coitado, mas sabemos que ele deve ir para outro lugar. É simples marretar paredes: voam estilhaços, ficamos sujos, mas depois há jeito de arrumar, sempre há. Não há buraco que não possa ser tapado, a não ser aqueles que não devem ser, como o do nariz. Então, para quem cultiva o hábito da tristeza, experimente respirar um pouquinho melhor de vez em quando, pois temos a mania descuidada de sufocarmos tudo em volta, sem querer. É bom lembrar também, que há outros livros além de Romeu e Julieta ( é óbvio, mas, eu esqueço várias vezes), e que há também a possibilidade de arrancar as últimas páginas, reescrever o final, ou simplesmente não lê-lo. É fácil se enterrar na tristeza como um avestruz faz com a cabeça, a velha ideia do pessimista: não espero nada, pois assim não perco nada. E o que eu venha a ganhar, é lucro. Não sei bem se é desse jeito que escrevi mas a ideia é essa. Mas quem se habitua a ela, não consegue mais perceber o que ganha. Contam-se apenas as perdas e vive-se a vida com mais um  desses bordões dos românticos chatolóides: sou um perdedor no jogo da vida.

Enfim, a tristeza tem sua medida certa para cada ocasião, e deve ser respeitada. Aos tristes de plantão: Somos uns chatos.


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