quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Poema noturno

Meu amor não é sempre bonito
nem benevolente.
Ás vezes morro de angústia
e ás vezes te mato de raiva, bem devagar
bem sofrido
e depois te revivo
na outra página, limpa.

Não rascunho as situações
-mentira.
A questão, é que não faz diferença
é essa mania de jogar fora, tudo o que foi pensado
pela janela, toda a razão escapa
por qualquer  fresta.

Até entendo quando desapontado
me perguntas o que passa
o que é, o que está
Mas a palavra, meu bem
é traiçoeira demais
para traduzir corpo em fala

E teus ouvidos míopes
enxergaescutam
parte de mim
e parte do teu estômago:
faminto-nauseado-sensível da acidez natural
das coisas que passam do ponto

Por isso quando questionas
só posso te devolver o silêncio
ensurdecedor
das explosões mudas
do sistema cardíaco-nervoso-respiratório-ósseo-muscular.
Pele é o que menos entendemos: ainda te assustas
da água que brota e escapa escorregando o corpo, e cai.

Deixa eu te dizer: o pensamento pode ser dito
pode ser fala, mas condensa, minimiza
deixa escapar
pequenos detalhes, esclarecedores em sua miudeza
que são os que não me deixam
que lhe abra a porta:
a porta que nem existe.


Um comentário:

  1. Cada vês mais parecida a Borges , o seja cada vês mais doida. Rsrsrs

    TE AMO E CURTO

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