terça-feira, 11 de setembro de 2012

A história da barata

Ontem eu vi uma barata. Mas diferente de minha reação costumeira, eu não manifestei meu desespero habitual, não fiquei tensa. Não era uma barata qualquer, tinha um algo de diferente, e de tão diferente, era quase bonita. Vinha em um passo diferenciado das baratas que vemos por aí, rasteiras e rápidas. Esta barata caminhava com distinta altivez, alongada, dando passos largos para atravessar o espaço. Tinha certa dignidade na forma como movimentava suas patinhas, quase com a consciência de que tinha o direito de coexistir com as outras formas de vida que se faziam presentes. Surgida não sei da onde, afinal, nunca sabemos de onde elas saem, elas simplesmente aparecem quase que em um processo de geração espontânea, a pobre barata teve o infortúnio de ter sido avistada. Clamaram por Deus, mas rogando para que um instinto homicida aflorasse em alguém para que a barata fosse eliminada.
Atônita, fiquei pensando se baratas sabem dar ré. Nunca vi uma barata andando para trás, mas naquele momento tive vontade de gritar para que o fizesse, mas esta, orgulhosa, não mudou seu curso. Manteve-se fiel em seu direito de existir, mas um outro manteve-se fiel em seu direito de fazer-se juiz do universo e em um impiedoso passo esmagou a pobre. Assisti a cena como as amantes assistiam os navios com seus soldados amados zarparem.
Derrotada, a barata foi atirada no lixo.

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