sexta-feira, 27 de julho de 2012

Tem  um momento em que apenas ser não é o suficiente. Habitar determinado espaço e cultivar algumas duvidáveis certezas torna-se um claustro. Por maior que sejam grandes as mediações que te guardam, a descoberta desse muro que te mantém protegido do desconhecido traz inquietações até mesmo pro jardim mais bonito. Como definir ou conhecer algo sabendo que sempre, sempre, se chegará em um ponto que pede pra se vá mais adiante? E insistentes, etiquetamos e damos nomes, delegamos funções e em uma megalomania infantil colocamo-nos como gerentes do universo, procurando acreditar que dominamos pelo menos o espaço a nossa volta e a todos que ali estão, mal enxergando as minúsculas relações que se estabelecem no cantinho direito do banheiro dos fundos com a pequena infiltração da parede que minuciosamente transforma o espaço em que está com suas linhas e manchas na parede. Não basta ser, e muito menos estar apenas. São ações insuficientes e estáticas. São processos. Temos o direito inalienável, e o dever de participar do mundo. Do todo, do além do muro. Participar, sentir, explorar. Sem dominações, sem etiquetar, e respeitando o repertório de cada um, pois o mundo é um estado totalmente particular, uma esfera pontilhada onde a partir deste espaços se é possível encontrar uma intersecção entre um sujeito e outro. Depois de ser, existe a movimentação dos átomos desse corpo presente pelo mundo. E é isso. Se prestarmos atenção ao invés de apenas utilizarmos da catalogação por ela só, não sei, a percepção de que a movimentação das coisas acontece de forma completa e quase perfeita, na harmonia de serem e se deslocarem exatamente da forma como devem.

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