sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Chegou naquela pressa em meio a entre sorrisos de desculpas por não acompanhá-los. Fazia sem um pingo de remorso, e com um pouco de pressa, pois já começavam aquelas borboletas costumeiras do pré-encontro que ás vezes escapam, quando ela distraída olhava pela janela do metrô. Fazia Sol ainda.
Chegou em tempo, naquele passo alegre de quando os caminhos se abrem em flores, cantarolou, prendeu os cabelos com meias tranças assimétricas e cuidadosamente marcou os olhos. Foi no meio de uma dança que o horário gritou avisando que já havia pouco tempo terreno talvez, mas havia um universo no espaço de seus braços, ou pelo menos achava.
Da sua boca, escapou a primeira borboleta negra, empurrando-se com esforço para fora, dando o sinal do primeiro erro. Ela parece sempre fadada ao erro. Veio a borboleta e pousou no seu peito, abrindo suas asas vagarosamente, negra até a última penugem de seu corpo, instalou-se nela como se quisesse voltar, mas esquecera o caminho. Seus olhos pesados acompanharam o ritmo das asinhas, e depois de um longo momento, quando abertos de volta forçados pela aflição da espera só queria ficar quieta.

Pausa.

Sentiu as borboletas, uma a uma, irem caindo e batendo nas paredes do estômago com um peso estranho. Aquele meio sorriso agora eram olhos apertados ansiando por um chamado. É incrível como o universo sente o desespero, porque de tantos, ninguém podia se encontrar hoje.

Desconexão - ausência de sintonia, espaços amplos a serem percorridos sem força, pretensões secundárias.

Pausa.

Surgem então os questionamentos sem nexo, e a felicidade nela começava a ser tornar escassa. Era feliz no caminho pra casa, mas não podia mais estar lá, e não conseguia ir para outro lugar. Era feliz nos meios tempos de suas possibilidades infantis. Sonhava feito menina.

Pausa.

Alguém escuta, e ela se faz estática. Seu rosto vai ficando molhado aos poucos.

Só queria lembrar que ela estava muito bonita...

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