Chegou em tempo, naquele passo alegre de quando os caminhos se abrem em flores, cantarolou, prendeu os cabelos com meias tranças assimétricas e cuidadosamente marcou os olhos. Foi no meio de uma dança que o horário gritou avisando que já havia pouco tempo terreno talvez, mas havia um universo no espaço de seus braços, ou pelo menos achava.
Da sua boca, escapou a primeira borboleta negra, empurrando-se com esforço para fora, dando o sinal do primeiro erro. Ela parece sempre fadada ao erro. Veio a borboleta e pousou no seu peito, abrindo suas asas vagarosamente, negra até a última penugem de seu corpo, instalou-se nela como se quisesse voltar, mas esquecera o caminho. Seus olhos pesados acompanharam o ritmo das asinhas, e depois de um longo momento, quando abertos de volta forçados pela aflição da espera só queria ficar quieta.
Pausa.
Sentiu as borboletas, uma a uma, irem caindo e batendo nas paredes do estômago com um peso estranho. Aquele meio sorriso agora eram olhos apertados ansiando por um chamado. É incrível como o universo sente o desespero, porque de tantos, ninguém podia se encontrar hoje.
Desconexão - ausência de sintonia, espaços amplos a serem percorridos sem força, pretensões secundárias.
Pausa.
Surgem então os questionamentos sem nexo, e a felicidade nela começava a ser tornar escassa. Era feliz no caminho pra casa, mas não podia mais estar lá, e não conseguia ir para outro lugar. Era feliz nos meios tempos de suas possibilidades infantis. Sonhava feito menina.
Pausa.
Alguém escuta, e ela se faz estática. Seu rosto vai ficando molhado aos poucos.
Só queria lembrar que ela estava muito bonita...
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