quarta-feira, 10 de março de 2010

Dom

Deus me deu o dom
e não poderia, ora, recusá-lo sendo este divino.
Só de lembrar, tudo aquilo me escapa, e mergulho
com calor, com ânsia, ao que me foi reservado
ao álcool na garganta, o cabelo cheirando cigarro
um bustiê de paetês iluminando a noite
o preenchimento, o toque de um corpo solitário no meu oco
não em mim, no meu oco.
Pois eu estou protegida, e nada me toca, estou fora
estou junto ao meu Pai, e em mim não chegam estas mãos solitárias
confio que há algo maior, depois
e enquanto isso, as marcas, o cheiro, o gosto quando volto a carcaça
me mostram, me orgulham, estou no caminho
Presa, ao dom que Deus me deu.

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