terça-feira, 14 de julho de 2009

A vida é coisa frágil

No alto do país, quase mudando o trópico, se fez fim de tarde. Já despontavam algumas estrelas perdidas, enquanto o céu tomava um tom rosáceo e por trás das nuvens, ainda insistiam alguns raios solares de aparecerem, configurando um contorno dourado, quase divino no céu. Estava se preparando para mergulhar no mar, e as ondas agitadas lambiam a beira da praia, numa quebra furiosa de mostrar imponência a qualquer pobre que teimasse em desafiar o oceano.
E teimaram. Um único garoto que gritava alegremente como se fora dono do mundo. Atirava-se contra as ondas que quebravam, dando mergulhos corajosos, furando-as. Passava por cima, por baixo, deitava, incansavelmente, e quando parecia ter sido derrubado, se levantava triunfante num brado selvagem, havia conquistado-o.
Saiu e atirou-se na beira, de braços abertos e peito arfante. O mar vinha, o mar ia, e ele ficava.
O Sol observava de longe a figura do garoto que cansado, fechava os olhos para se transportar para um lugar maior, o próximo a conquistar. Não iria parar por ali, havia o mundo se abrindo em sua direção, não tinha medo.
Num movimento rápido, levantou e atirou-se numa quebra de onda, de um jeito mole. De fora podia apenas se ver o corpo tremeluzindo furiosamente, sendo atirado por entre as correntes, fazendo força pra se levantar, mas não conseguia. Seria a vingança?
Se sacudiu, até que uma hora parou de bater. Na verdade foram alguns minutos pra que o pulmão cheio de ar se preenchesse de algo líquido, salgado.
O corpo não voltou pra beira da praia, o corpo não voltou mais. Estava pronto, não para conquistar o mundo, mas o infinito.

Um comentário:

  1. Seus textos são imagens em palavras.
    Muito bonito e num ritimo bacana.
    gostei demais.

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