segunda-feira, 13 de julho de 2009

A dolorida experiência de estar

Desconfio do destino, e sou aberta a todo tipo de cerimônia. Talvez porque o homem use apenas 10% do cérebro, quando alguém faz algo extraordinário, atribuímos seus méritos a algo superior. A nossa descrença em nós mesmo nos vêm matando há séculos. Não, não é culpa da religião, é única e exclusivamente nossa.
Não é necessário ir a uma cartomante para saber o que lhe vai acontecer - Para tudo há uma resposta, consequência de um ato pensado [ ou não ] seu, e da resposta sempre o bendito " dois lados da moeda ". Isso de bem e mal é uma explicação muito chucra da vastidão que nos cerca, nos prendendo a moralidades patéticas, adoecendo-nos, absorvendo-nos a uma cultura de valores inversos e ultrapassados. Estamos além de dois adjetivos, e a personificação deles nos aprisiona, nos deixando incapazes de prosseguir.
O caos é necessário, por mais que se queira evitar. Aceite-o e lide com ele, de forma que depois que te estoure o peito de dor, que dessa explosão lhe escapem estrelas, e assim, te liberte da densidão que é o corpo. Somos inteiros quando somos alma, presos no corpo somos obrigados a fragmentá-la. Tenho um amigo, que me disse " O fato de ter se encontrado não quer dizer que se conheça ". Sou tanto retalho, que talvez nunca me conheça. Não me entristeço, pois é como se cada dia me descobrisse de novo, mas a custa de parecer uma tela cubista.
Não se deve ter medo, atirar-se de cabeça não é suicídio, por mais que pareça. O que mata é a beira do penhasco, a expectativa. Fantasiamos coisas que não existem, de como é chegar embaixo, até que nos enraizamos e criamos frutos que escorregam pra baixo, e tu ficas, sozinho.
A liberdade pertence aos homens, eramos livres antes mesmo de sabermos o conceito. Não existe erro mais grotesco que se apossar de alguém, como nos foi instituído que deve ser. Não é! Chamem-me de libertina, de devassa, mas cuspo em quem me diga que só amou uma vez na vida! Ou quem nunca amou dois ou três todos juntos! É um desperdício de sentimento dedicar-le a um único ser vivente, o sufocaria com tanto! É necessário que amemos desenfreadamente, a todos. Essa é uma das únicas formas de nos salvarmos. Livrar-se do papel do bom pastor, dessa atitude sacra.
Falta sensibilidade, para ver que a chave de tudo, lhe está disponível em todo canto, não só em cima. Um dia na rua, aflita vinha em passos rápidos e coração apertado, pois havia terminado de brigar com alguém que gosto muito. Havia no meu caminho [ não, não era a pedra de Drummond] , uma mãe dizendo pra filha : Se deve respeitar as pessoas!
Afobada, só queria saber o que eu estava sentindo, não me importando com o que a pessoa precisava, Talvez de tempo? Talvez um tapa? Enfim, era necessário a recuperação de ambos para que saísse algo proveitoso e racional. E a mulher com certeza não era nenhuma guru espiritual, pois puxava a menininha pela jaqueta cor de rosa.

Nos falta eclodir, assumir de vez, que somos maiores do que parecemos. Parar de pertencer a si, e pertencer ao mundo. Sair do estágio semente e romper a terra.

Um comentário:

  1. Paloma...
    Gostei muito desse texto.
    Pesquisa um escritor e filosófo chamado Georges Bataille. Ele escreveu além de literatura, ensaios filosoficos. O livro erotismo e as lágrimas de Eros são maravilhoros. Estou estudando esses livros.
    Tem muito com que você escreveu...
    Tem que escrever mais...
    Adorei.

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