terça-feira, 30 de dezembro de 2014

sem título

Mas o que se pode fazer quando o amor é negado? Cabe-nos apenas, resignados, conviver com a ausência aterradora, e a espera de um dia acordar e sentir retirado o pedregulho de cima dos órgãos, pois ás vezes parece mesmo que vamos sucumbir em uma espécie de afogamento seco. Mas passa. É um erro comum atribuir eternidade a todo tipo de afeto e seu reverso, e se, em alguma instância a eternidade existe para nós, seres vulgares, está impressa em algum aparato da memória do mundo, mas sujeita ao desacordo e trânsitos que são inerentes ao próprio, sabe, mundo. Ao amor negado, só resta a melancolia, quase mortal, mas que se dissipa, a qualquer momento: indefinido. E quando acontecer, aquele choro sentido vai ser lembrado com certa graça, como um evento distante, um eu descolado. E a ausência, caracteristicamente irresolúvel, cede um pouco de seu espaço, sabe, para o amor: o novo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário