segunda-feira, 26 de maio de 2014

Das coisas que não se apagam

No fundo da tela a tal da mensagem:
minúscula em um celular
falava de um tal de amor imenso
nem pra ser em papel de carta
pra deixar amarelar

a mensagem piscava
na luz infernal
rolando debaixo do meu dedo
essa tal de tela touch:
um toque e tudo se desmancha

E não haverá durex para remendos
nem papel picado no lixo
é só um botão, e não haverá rastros
a tecnologia conseguiu inventar o tal do amor etéreo:
a virtualidade deixou as palavras desnudas de corpos.

Posso deixar então, por ora
o amor amado
suspenso na memória do aparelho
há coisas por dentro de mim
que precisam ser arquivadas

Ah benzinho, de todas as falas poupadas
de todos os berros contidos
de todo o silêncio trocado
essa mensagenzinha nanica
era a minha favorita.

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