sábado, 1 de junho de 2013

Uma volta na cidade paraíso

Muitos são os caminhos a serem percorridos. Logo após a entrada, há uma cidade que se desdobra em horizontais, verticais e escadas circulares a perder de vista. Vielas infinitas, que aportam apenas um corpo de cada vez em sua passagem para o lugar que nunca chega, uma luz distante provinda de um muro que não está.

Um gato mia.

Aquele que segue concentrado em seu caminho norte-sul, na retilínia dos encontros e dos olhares, talvez passe desapercebido pelo ser vivente que respira perto de seu ombro - o paraíso está para quem olha para os lados. Mas para aqueles que se permitem a distração, terão para sempre gravado na retina a imensidão do corpo que dorme ao lado da gente sem fome. Os espaços da cidade, para quem se atreve ver, nunca mais serão os mesmos - os muros serão derrubados, o barulho ficará mais alto, a noite gelará os ossos de medo e de compreensão.
É uma cidade de peculiar riqueza: no centro de seu corpo disforme, caótico e fragmentado, existe uma rígida coluna vertebral a sustentar os aflitos. Remexendo um pouco na sujeira, descascando as paredes com uma colher, é possível encontrar ouro. Não é necessário escavar tão fundo, basta aquele olhar atento de mãe que se pode ver algo reluzir. Existe muita riqueza, na cidade paraíso, em estado bruto. Mas há de se estar atento quanto a se crer rico lá: Quem quer ensinar é quem sai ensinado.

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