segunda-feira, 25 de junho de 2012

É pra lá. Dei a mão pra ele
a capela do lugar indicava o centro
uma luz asséptica
e muito mais assustadora que o próprio local
Enfim, não havia nada
nem ninguém que pudesse informar alguma coisa
" Oi, procuro um morto ", falaria rindo
apoiada em um anjo
que olha alguma coisa pra baixo
sugestivo.

Um gato, estático, em cima de uma coroa
se confundia facilmente com qualquer escultura
que olhava ou apontava ou chorava
em qualquer dos lados que olhasse
do ponto central
só sombras
daquele mar de cimento e de vagas lembranças
sombras
dos que aqui já foram um algo completo
guardados silenciosos em caixas.

Procuramos, pedindo desculpas silenciosas
aos tampos que pisávamos. Não sei se ouvem
Já se fazia escuro, e nem sabíamos mais quem procurávamos
voltamos para perto do portão e o gato
continuava em seu posto, um senhor soldado
petrificado em sua pose de gato
Dessa vez ele segura minha mão
e atravessamos a fronteira
de costas, para não dar azar

É nesse limite
entre o estático e o movimento
que a vida se faz
nunca vi problema no gosto prematuro pela morte
acredito no direito alienável de que cada um deve decidir
quando cansou, quando o dançar por entre o limite
não faz mais sentido.
Só acho uma pena, ás vezes
perder a próxima música.



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