domingo, 12 de junho de 2011

Tudo

Agora era tudo. Não era o máximo estar sentada ali, na verdade era pesado, era cheio. Ao contrário do esvaziamento, eu passei a ser preenchida, com tanta, tanta força que eu achei que a qualquer momento eu ia desfazer, e escorrer pelo piso, e manchar chão, parede teto, porque ia explodir tudo pra todos os lados. E era todo um peso concentrado naquele estar sentado, e desesperador, porque estava prestes a estourar e todas as pessoas passando ao lado, e sentando, e fazendo qualquer coisa, e ninguém via ali um ser atônito, e existente, pois naquele momento eu existia mais do que nunca, e tudo e toda angústia se materializava de tal forma que senhor, era impossível ninguém se incomodar. Não era só estar sentado ali dessa vez, era existir com tamanha força, era estar presente com todas os orgãos com tal força que cada um seguia no seu ritmo, totalmente autônomos, e trabalhavam de forma exasperada. Os olhos a cada piscada era um alívio, tapa olho que deixava tudo escuro, e chamava aquele estado de coma, tão mais tão pedido naquele momento. Era o coração querendo explodir, um pulmão sufocado, e um estômago que gritava por vomitar, e ia vomitar todo o eu mesquinho que insistia tanto em se manifestar, e pedia tantas coisas, e tinha eu também, sentada, cheia naquela espera, eu sou só espera com orgãos reinvidicando, um eu prestes a ser vomitado, sentada atônita no meio da passagem, com uma presença mais forte do que nunca.

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