quarta-feira, 8 de junho de 2011

nada

Era incrível. Dava vontade de ficar sentado o dia inteiro só olhando. E fazia muito sol, muito sol, e a cidade estava fria, muito fria. Mas estar sentado ali, era incrível. O sol varria o frio, mesmo aquele que insistia em surgir de dentro, ia derretendo de pouquinho. Dava vontade de ficar horas, meses, anos só ali, sentado, pois era incrível. Era um não estar estando tão completo. Porque eu estava aqui e lá, quente na cidade fria.
Era um não pensar delicioso, olhando aquilo, divino. Não amava, não pensava, não sentia, era um grande nada pronto a ser preenchido, por qualquer coisa. E ser qualquer coisa era fantástico. Você entende de tudo, tudinho um pouco de tudo que existe, pois tudo passou ali, num instante, carregando e descarregando tudo. E era só estar ali, sentado. Era algo parecido com não conter. Não tinha corpo. O coração explodiu, a língua pronta a desenvolver um vocabulário novo. Novos olhos é o mais incrível, olhar de novo, e de novo e ser tudo diferente a cada piscadela. O piscar sendo pausa para digerir novas imagens, e não uma fuga mínima de si. Não fugir é o máximo! Pois não existe eu, você, nada. Só aquele instante, de estar sentado, e ficar olhando o dia inteiro só. Incrível.

Um comentário:

  1. que lindo pá. gosto o jeito que vc escreve sabia!
    e o simples pode ser o mais completo dos sentidos.

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