segunda-feira, 30 de março de 2015

Máquinas de escrever não fazem notas de rodapé

Maceto o dedo contra a tecla manchando todo o papel de uma coloração cinza-azulado: letras trocadas, encavaladas pela máquina que resiste à violência com que imprimo cada palavra que atônita salta ao papel: a palavra bruta. Ah benzinho, é com essa mesma força que adoraria cravá-las em seu peito, marcar seu rosto de azul-rubi, afundar a carne de suas bochechas com os sulcos da marca metálica de uma máquina velha, coisas como: “não devo me poupar”. Poderia lhe explicar no canto da página de onde surge tal vontade, mas você sabe: máquinas de escrever não fazem notas de rodapé.

Nenhum comentário:

Postar um comentário