sábado, 8 de maio de 2010

Encontro

O encontro já estava previsto há tempos, sabiam assim que se encontraram. Mantiveram a cordura por pura imposição da educação formal que receberam. Mas algo que fluía de dentro sabia, fervilhava de pura excitação, se encontraram. Finalmente se encontraram, no meio de tanta desavença, de tanta fragmentação, se encontraram. Tudo que conheciam até então era irrelevante diante daquela descoberta, e viram o mundo desmoronar em luz quando os corpos se encontraram. A pele gritava desesperada, a boca pedia para que se encontrasse, os membros, os orgãos queriam essa fusão em um único, e tudo em volta era nada. Só existiam eles dois e tudo que explodia de dentro deles. Seus sons, o gosto. O universo se resumiu nisso por momentos intensos, fortes.

Mas, no final, todo o concretismo vence. E do paralelo mundo, retornaram, sentiam as rotinas passando ao lado. Mas já não eram mais os mesmos, não podiam ser. Um beijo de despedida na porta, um olhar desejoso deixado para trás ao entrar no elevador, sabiam que ali, a partir de ali, algo nascia. Vida nova. Venceram a solidão, a monotonia.

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